O
Poder da Indústria Cultural
O poder magnético que sobre os homens exercem as
ideologias, embora já se lhes tenham tornado decrépitas, explica-se, para lá da
psicologia, pelo derrube objetivamente determinado da evidência lógica como
tal. Chegou-se ao ponto em que a mentira soa como verdade, e a verdade como
mentira.
Cada expressão, cada notícia e cada pensamento
estão preformados pelos centros da indústria cultural. O que não traz o
vestígio familiar de tal preformação é, de antemão, indigno de crédito, e tanto
mais quanto as instituições da opinião pública acompanham o que delas sai com
mil dados factuais e com todas as provas de que a manipulação total pode dispor.
A verdade que intenta opor-se não tem apenas o caráter de inverossímil, mas é,
além disso, demasiado pobre para entrar em concorrência com o altamente
concentrado aparelho da difusão.
Theodore
Adorno, filósofo, sociólogo e músico, nascido na Alemanha em 1903
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