quinta-feira, 14 de setembro de 2017



Um Poema de Revolta


Entre as ruínas do templo,
outrora imponente,
mendigos se alimentam
com as sobras da santa ceia.

Meninos e meninas
se divertem com os ratos
e no altar central
o Cristo em decomposição
a tudo assiste impassivelmente.

Urubus e espaçonaves prateadas
dividem os azulejos* do céu
sob os olhares inertes
de um Deus cansado e alquebrado.

Pelas ruas escuras,
 zumbis marcham.
empunhando  bandeiras descoloridas.
entoando patéticos hinos
que louvam o nada.

Monstros saídos de um pântano fétido
exalando odor nauseabundo
que infesta igrejas e templos,
onde sacerdotes e pastores
destilam m moralismo apodrecido.

No meio da destruição do templo
os mendigos dormem sobre
seus trapos sem cor,
enquanto meninos e meninas
brincam de polícia/bandido,
sob a proteção de Judas Iscariotes.


Jorge Nicoli

*Apropriado de Djavan



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