A Liberdade e a
Justiça
A
revolução do século XX separou arbitrariamente, para fins desmesurados de
conquista, duas noções inseparáveis. A liberdade absoluta mete a justiça a
ridículo. A justiça absoluta nega a liberdade. Para serem fecundas, as duas
noções devem descobrir os seus limites uma dentro da outra.
Nenhum
homem considera livre a sua condição se ela não for ao mesmo tempo justa, nem
justa se não for livre. Precisamente, não pode conceber-se a liberdade sem o
poder de clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome de
uma parcela de ser que se recusa a extinguir-se.
Finalmente,
tem de haver uma justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade,
único valor imperecível da história. Os homens só morrem bem quando o fizeram
pela liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam que morressem por completo.
Albert Camus, escritor, ensaísta, compositor e filósofo francês, nascido
na Argélia em 1913
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