Filosofias
de Vida
A cada etapa da
vida do homem corresponde uma certa Filosofia. A criança apresenta-se como um
realista, já que está tão convicta da existência das peras e das maçãs como da
sua. O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar maior
atenção a si mesmo, tem que se experimentar antes de experimentar as coisas, e
transforma-se portanto num idealista. O homem adulto, pelo contrário, tem todos
os motivos para ser um cético, já que é sempre útil pôr em dúvida os meios que
se escolhem para atingir os objetivos.
Dito de outro
modo, o adulto tem toda a vantagem em manter a flexibilidade do entendimento,
antes da ação e no decurso da ação, para não ter que se arrepender
posteriormente dos erros de escolha. Quanto ao ancião, converter-se-á
necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe
parecem depender apenas do acaso: o irracional triunfa, o racional fracassa, a
felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porque. É assim e assim
foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra a calmaria na
contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir.
Johann Wolfgang von Goethe, escritor.
poeta, dramaturgo, novelista, nascido na Alemanha em 1749