De Anais
Conheço
apenas o medo, é verdade, tanto medo que me sufoca, que me deixa a boca aberta
mas, sem fôlego, como alguém a quem falta o ar; ou noutras alturas, deixo de
ouvir e fico subitamente surda para o mundo. Bato os pés e não ouço nada. Grito
e não percebo nem mesmo um pouco do meu grito. E também às vezes, quando estou
deitada o medo volta a assaltar-me, o terror profundo do silêncio e do que
poderá sair desse silêncio para me atingir e bata nas paredes das minhas
têmporas, um grande, sufocante pavor. Eu então bato nas paredes, no chão, para
acabar com o silêncio. Bato, canto, assobio com persistência até mandar o medo
embora
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