sábado, 27 de junho de 2020


Olhos caninos

Olho para a Poesia
com os mesmos olhos
que minha cachorra
olha pra mim...

Olhos tristes e pedintes.
A espera de qualquer movimento:
uma palavra, um aceno, um afago,
que retribua o amor em pelo.

A Poesia,
mais piedosa que eu,
uma vez ou outra,
brinca comigo.
Pisca um olho!
Então, balanço o rabo,
entro em êxtase
Penso que sou amado.

Jorge Abdalla, ator, contista, poeta, engenheiro de materiais


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