O mês de março
O mês de março marca o nascimento de gente importante no mundo das artes,
como marca o Dia Internacional da Mulher, uma data para a reflexão sobre o
papel deste ser sensível, misterioso, neste universo, Um papel ainda não
reconhecido integralmente. Não vamos falar da mulher em outras culturas,
preferimos ver as nossas mulheres, aquelas que vivem aqui neste Brasil varonil
que, apesar de todo o avanço nesta questão, continuo recebendo somente 70% do salário pago ao homem, pela mesma função,
que, mesmo com a lei mais dura, continua sendo a maior vítima da violência
doméstica. E não é só a física e, principalmente, a psicológica – tão cruel
quanto a física – e qie continua sendo morta em nome de um tal amor. Ou se pode
chamar de propriedade privada?
Mesmo tendo consciência de que é
preciso avançar nesta questão, a mulher ainda se sujeita a ser “musa” de
músicas idiotizadas, como, vez ou outra, se transforma em potranca ou em filé, na visão machista de
certos homens. Homens que não têm um mínimo de sensibilidade para respeitar
este ser que é a razão da sobrevivência
da humanidade. Um ser que espalha sensibilidade e ternura que, além de tudo, é
corajosa, destemida e dono de uma rara inteligência.
Além deste Dia, março nos legou alguns ícones, Elis Regina, e um dos
maiores compositores deste País, chamado José de Assis Valente, baiano, nascido
em 19 de março de 1911. Assis Valente compôs, entre tantas maravilhas, Boas
Festas, - um retrato fiel do Natal-, Camisa Listrada, E o mundo não se acabou,
Alegria. Apaixonado por Carmen Miranda, com uma homossexualidade latente,
tentou o suicídio, uma vez saltando do Pão de Açúcar, no Rio, salvo pelas árvores,
mas no dia 6 de março de 1958, com a prosaica mistura formicida/guaraná pôs fim
à vida.
Mas este mês não nos reserva somente motivos para homenagens, mesmo
porque há 52 anos, no dia 31 – ou seria 1º de abril? - a elite, com o apoio da
mídia e a força dos militares perpetrou um golpe, contra o Presidente
democraticamente eleito João Goulart – que também nasceu em março, dia 1º - que
jogou o País nas trevas por 21 anos.
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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