quinta-feira, 10 de março de 2016



            O pior é ser vencido pelos medíocres

Há muito tempo  - mais de 35 anos - assisti, num cinema da Rua do Triunfo, em São Paulo – a famosa Boca do Lixo – um filme chamado A Herança dos Ferramonti, (1976), direção do italiano Mauro Bolognini, com Anthony Quinn e a bela Domenique Sanda.

Numa crítica a o capitalismo, o filme gira em torno da herança do nome do filme, que a personagem Irene, com truques e trapaças vau se apoderando dela, porém o plano não dá certo e presa, diz uma frase antológica: “o pior de tudo é ser vencida pela  mediocridade. Talvez não seja literal, afinal são mais de 35 anos, mas o sentido ainda está vivo na minha memória.

            E por estar presente na memória é que observo como isso se repete, - a vida imitando a arte - a mediocridade suplantando a inteligência e o talento.

Claro que contando com o que há de pior na sociedade brasileira, os órgãos de comunicação - rádios, jornais, canais de televisão e revistas - que se aprimoram em divulgar – como se fossem a nossa realidade  -  inúmeros lixos culturais e políticos.
           
Os medíocres vitoriosos, sob os aplausos de uma platéia absolutamente alienada, preguiçosa, subjugada pela ideologia colonialista que campeia nos meios de comunicação.
           
Então a música intelectualmente  indigente de mc e pseudo-universitários sufocam a real música brasileira, livros patéticos de auto ajuda e de séries idiotizadas tomam conta das estantes, enquanto autores talentosos são sufocados nas gavetas.

            No futebol, craques ficam nos vestiários e os perna de pau correm para a galera. Programas minimamente inteligentes são traços enquanto bobagens televisivas alcançam ótinas audiências. Assim reza a cartilha da mediocridade, difundida pelo monopólio da informação, que adora o colonialismo cultural e político, que nos manterá  subservientes.

            Vejo ainda certa resistência, porém temo por nosso futuro, temo que um dia seremos vencidos pela mediocridade. E isso é muito triste.

Jorge Nicoli    

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