29 de junho
67 Anos de Glauco Mattoso
Soneto 234 Confessional
Amar,
amei. Não sei se fui amado, pois declarei amor a quem odiara e a quem amei
jamais mostrei a cara, de medo de me ver posto de lado. Ainda odeio quem me tem
odiado: devolvo agora aquilo que declara. Mas quem amei não volta, e a dor não
sara. Não sobra nem a crença no passado.
Palavra
voa, escrito permanece, garante o adágio vindo do latim. Escrito é que nem
ódio, só envelhece. Se serve de consolo, seja assim: Amor nunca se esquece, é
que nem prece. Tomara, pois, que alguém reze por mim...
Glauco Mattoso, pseudônimo
de Pedro José Ferreira da Silva, nascido em São Paulo, dia 29 de junho de 1951, escritor e poeta. .Seu nome artístico
é um trocadilho com glaucomatoso, termo usado para os
que sofrem de glaucoma,
doença que o fez perder progressivamente a visão, até acegueira total em 1995.
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