quinta-feira, 31 de janeiro de 2019



Minha Boêmia
(Fantasia)


Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos; meu paletó também tornava-se ideal; sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal; puxa vida! A sonhar amores destemidos!  O meu único par de calças tinha furos. – Pequeno Polegar do sonho ao meu redor  rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros. 

Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho, nas noites de setembro, onde senti tal vinho o orvalho a rorejar-me as fronte em comoção; Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,  eu tomava, qual lira, as botinas elásticas  e tangia um dos pés junto ao meu coração!
  


Arthur Rimbaud, poeta, nascido na França em 1854

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