quinta-feira, 2 de abril de 2020


01 de abril.

Como se a vida
Fosse um sopro de morte.
Como se a mão
Não bastasse para afogar o sonho.
A palavra
Não mais cantou o verso.
Como se cantar
Sufocasse a melodia nas notas.
Não era mentira.
A manhã se fizera bruta
E aí vieram uns homens
E tomaram os dias, as noites, as horas.
Usurparam todos os desejos.
Assaltaram as ideias e os doces segredos,
Pisaram nos corpos já combalidos de luta
E depois, sumiram com as almas.
Sim.
Era verdade.
Fora um golpe covarde e lancinante
Nos corações das tantas mães chorosas
Pela falta de seus ávidos meninos de luz.
Ficou um vácuo
E no silêncio só mesmo a dor ousou reclamar.
Muito se perdeu e se apagou pelos becos
Enlameados de sangue dor e suor.
 Foi tudo verdade!

Mas, o que eles não contavam,
É que nalgum jardim
 Dessa terra,
Haveria de brotar uma flor
Liberta entre os espinhos e as pragas
E a mão serena e paciente,
Sempre pronta para regar sonhos.

José de Lima, professor, ator, diretor de teatro, nascido em Guaratinguetá, em 1955, radicado em São Paulo.
José Antonio de Lima

Visualizado por José Antonio de Lima às Quarta 15:45
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