Ídolos, Mitos e
Homens,
Como Disassiciá-los?
De repente o ídolo se
desmancha no ar. Se bem que ídolos e mitos vivem correndo este risco. Desmancharem-se ao
pequeno sopro de realidade.
Raul não era bem um ídolo,
talvez uma referência, então sabe-se que teria cometido ato desaconselhável com
seu amigo e parceiro Paulo Coelho, dedurando-o à polícia política da ditadura
militar, em 1974.
Por outro lado, Paulo
Coelho se manteve calado durante 45 anos e, numa atitude digna, disse que se
manterá calado.
Deste episódio triste,
sobra, mais uma vez, algo para se refletir sobre o ser homem/artista. Poderemos
os separar? Ou os vemos como um só?
O escritor abominado por
intelectuais, se reveste da dignidade dos grandes homens e de posições
políticas claras. O artista, endeusado por
sua rebeldia contra o sistema, reaparece envolto no manto da alienação e, de
certa forma – se aconteceu de fato -, se misturando aos execráveis bajuladores
da, não menos execrável, ditadura militar.
Reflitamos. Pode ser que
não chegaremos à nenhuma conclusão. Mas não custa tentar.
Jorge Nicoli
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