Um Ser Revoltante e Falso
Quanta felicidade dá a grata suavidade
das coisas! Como a vida é cintilante e de bela aparência! São as grandes
falsificações, as grandes interpretações que sempre nos têm elevado acima da
satisfação animal, até chegarmos ao humano.
Inversamente: que nos trouxe a chiadeira
do mecanismo lógico, a ruminação do espírito que se contempla ao espelho, a
dissecação dos instintos?
Suponde vós que tudo era reduzido a
fórmulas e que a vossa crença era confinada à apreciação de graus de
verosimilhança, e que vos era insuportável viver com tais premissas... que
fazíeis vós? Ser-vos-ia possível viver com tão má consciência?
No dia em que o homem sentir como
falsidade revoltante a crença na bondade, na justiça e na verdade escondida das
coisas, como se ajuizará ele a si mesmo, sendo como é parte fragmentária deste
mundo? Como um ser revoltante e falso?
Friedrich Nietzsche
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do Sarau,
sexta-feira, 28, na Casa da Cultura, foto de Mauro Mais
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