sexta-feira, 4 de agosto de 2017




                Um João Contemporâneo

Um homem de baixa estatura pregava numa esquina da rua principal e na pregação dizia:  “Jesus não tem convênio com a Igreja Católica nem com nenhuma Igreja Evangélica. Jesus é portador da palavra de Deus”. Estava bem vestido, ao seu lado uma bolsa, enfim parecia normal. Normal?  Bem, não sei, mesmo porque não quero ser preconceituoso, conceituando-o. Afinal, só o vi uma vez.

Mas deixando isto de lado, podemos reflexionar sobre seu ato solitário. Num País polarizado politicamente, alguém resolveu pregar a palavra de Deus. Parecia  não pertence a nenhuma igreja. Talvez  a de Cristo, embora se saiba  que Ele não fundou nenhuma igreja tampouco nenhuma religião.

O que moveria um homem a se postar numa esquina e fazer  discurso religioso? Somente a fé? Que pretende de fayo? Salvar almas?  Ou evangelizar?. Ele estava só. E só pregava, como João ou com o próprio Jesus. Isto em pleno século XXI.

Suas palavras chegaram aos ouvidos de alguém? Neste mundo contemporâneo, alguém estaria  dispostas a parar para ouvir pregação religiosa?

Quais os sentimentos que movem este pregador contemporâneo? Ao fim do dia, como se sentirá ao perceber que ninguém parou para ouvi-lo, nem mesmo o olhou com simpatia? Talvez satisfeito com seu ato de fé, aliviado, quem sabe, por ter cumprido parte da missão a ele confiada por Deus. Uma missão longa que só deverá terminar quando for para o Paraíso -  talvez seu grande objetivo – ou se um dia perceber que prega no deserto. Que tenho minhas dúvidas.

Jorge Nicoli


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