A Moral é uma Interpretação Falsa
de Certos Fenômenos
O juízo moral tal
como o juízo religioso baseia-se em realidades que não o são. A moral é
unicamente uma interpretação de certos fenômenos, dito de forma mais precisa,
uma interpretação falsa.
O juízo moral, da mesma forma que o religioso, corresponde a um grau de
ignorância ao qual ainda falta o conceito do real, a distinção entre o real e o
imaginário: de tal forma que, a esse nível, a palavra “verdade” designa
simplesmente coisas a que nós hoje chamamos “imaginações”.
O juízo moral, por
conseguinte, não deve ser tomado nunca à letra: porque tal constituiria
unicamente um contra-senso. Porém enquanto semiótica, não deixa de ser inestimável: revela, pelo menos
para o entendido, as realidades mais valiosas das culturas e dos espíritos que não sabiam o bastante para
se “compreenderem” a si mesmos. A moral é meramente um falar por sinais,
meramente uma sintomatologia: há que saber já de que se trata para obtermos proveito dela.
Friedrich Nietzsche, filósofo, nascido na Alemanha
em 1844