quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018



A Moral é uma Interpretação Falsa 
de Certos Fenômenos



O juízo moral tal como o juízo religioso baseia-se em realidades que não o são. A moral é unicamente uma interpretação de certos fenômenos, dito de forma mais precisa, uma interpretação falsa. O juízo moral, da mesma forma que o religioso, corresponde a um grau de ignorância ao qual ainda falta o conceito do real, a distinção entre o real e o imaginário: de tal forma que, a esse nível, a palavra “verdade” designa simplesmente coisas a que nós hoje chamamos “imaginações”.


O juízo moral, por conseguinte, não deve ser tomado nunca à letra: porque tal constituiria unicamente um contra-senso. Porém enquanto semiótica, não deixa de ser inestimável: revela, pelo menos para o entendido, as realidades mais valiosas das culturas e dos espíritos que não sabiam o bastante para se “compreenderem” a si mesmos. A moral é meramente um falar por sinais, meramente uma sintomatologia: há que saber já de que se trata para obtermos proveito dela.



Friedrich Nietzsche, filósofo, nascido na Alemanha em 1844




O Nascimento do Prazer


O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida – e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom – como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte.
  

Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos – pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós.


Clarice Lispector, nascida na Ucrânia em 1920, naturalizada nordestina.





De Um Não Pensador


Há certos momentos que é preciso tomar certas decisões; Tomar certas decisões sempre traz certo desconforto para a alma. Porém é preferível sentir certo desconforto por certas decisões do que sempre se sentir desconfortável  em certas relaçõe
s.

Jorge Nicoli, um não pensador










Do Excesso


Eu poderia chorar de coisas assim: corre um rio de minha boca, corre um rio de minhas mãos. Dos meus olhos corre um rio. Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário como derramar, escorrer, atravessar. Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras. Tenho dificuldade em caber. Pra caber mais, derramo por nada, derramo sem motivo. Vou acalmar meu excesso pensei.




Vivia Mosé, poeta, psicanalista, filósofa, nascida em Vitória, Es em 1964



Ver, não Sentir


Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte.



Fernando Pessoa, nascido em Portugal em 1888


O Amor em Rosa


Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.



Guimarães Rosa, nascido em em Cordisburgo, MG em 1908,  escritor, diplomata, novelista, contista e médico 




Mais Que um Instrumento de Comunicação


Se o leitor, o leitor de livros; aquele que gosta de ler, não se limitar à quilo que se faz agora, se ele andar pra trás e começar do principio, e poder ler os primitivos e os grandes cronistas e depois os grandes poetas, a língua passa a ser algo mais que um mero instrumento de comunicação, transformando-se numa mina inesgotável de beleza e valor
.


José Saramago, nascido em Portugal em 1922



Da Tolerância


É fundamental que existam gays. É fundamental pessoas de diversas etnias, é fundamental que existam diversas opiniões, inclusive contrárias à minha.



Leandro Karnal, professor e escritor, nascido em São Leopoldo, RS em 1963


Do Amor


No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio.

Caio Fernando Abreu, jornalista, escritor, dramaturgo, nascido em Santiago, RS, em 1948


Da Responsabilidade

- Não agradeço a Deus por minhas vitórias, da mesma forma que não costumo responsabilizar o Diabo pelas minha derrotas.


Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


Frieza

Aqui uma poesia
estupidamente fria
porque nada havia
a dizer.
E o que fazer
se a alma está vazia?

Jorge Nicoli, aprensiz de poeta, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945







Quase uma poesia


Sentado no meio da sala vazia
olho com olhos vagos
a imensidão dó nada
e nada há além do enorme vazio
que preenche o vago espaço
da sala em que acomodo
a minha extensa solidão


Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945



Metamorfose Ambulante*


O silêncio sepulcral só é quebrado pelo som minimalista do soluço da criança trajando verde e amarelo e há marcas de bala e sangue coagulado no terno de linho branco do homem de bigode.

A morte, acompanhada de anjos barrocos, faz sua ronda diária e a ave noturna tudo observa, pousada na estátua do desertor desconhecido. A menina loira se banha no poço contaminado pelos galhos de uma roseira cortada por um garoto apaixonado.

Há um cheiro ocre no ar e há um menino correndo da polícia. Há um velho escrevendo poema de amor e há uma ninfeta seduzindo a serpente. Ratos e baratas desfilam por sobre os restos de carne apodrecida, enquanto o pastor fala das coisas do céu e do inferno e Jorge dá uma pausa na sua eterna luta contra o dragão da maldade.

No quarto vazio, o vazio se aloja no canto que sempre foi seu, e eu sinto o encanto se perder no meio das brumas das minhas constantes metamorfoses.
¨

* música de Raul Seixas 1944/1997

Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945




A Arte de Viver, pela Fantasia



A fantasia é a mãe da satisfação, do humor, da arte de viver. Apenas floresce alicerçada num íntimo entendimento entre o ser humano e aquilo que objetivamente o rodeia. Esse ambiente envolvente não tem de ser belo, singular ou sequer encantador. Basta que tenhamos tempo para a ele nos habituarmos, e é sobretudo isso que hoje em dia nos falta.



Hermann Hesse. Escritor, nascido na Alemanha em 1877




A Força do Poder Criativo


As biografias dos grandes artistas tornam abundantemente claro que o desejo criativo é frequentemente tão imperioso que demole a sua humanidade e subjuga tudo ao serviço do trabalho, até mesmo à custa da saúde e bem-estar de um vulgar ser humano.


O trabalho por nascer na psique do artista é uma força da natureza que alcança o seu fim, tanto por poder tirânico como por astúcia vil da própria natureza, independentemente do destino pessoal do homem que é o seu veículo.


Carl Jung, psicólogo, nascido na Suiça em 1875




Não Desperdices o Teu Tempo
a Viver a Vida de Outras Pessoas


O teu tempo é limitado, por isso não o desperdices a viver a vida de outra pessoa. Não te deixes armadilhar pelos dogmas - que é a mesma coisa que viver pelos resultados do que outras pessoas pensaram.


Não deixes que o ruído das opiniões dos outros saia da tua própria voz interior. E, mais importante ainda, tem a coragem de seguir o teu coração e a tua intuição. Estes já sabem, de alguma froma, aquilo em que tu verdadeiramente te vais tornar. Tudo o resto é secundário.


Steve Jobs, inventor e empresário, nascido nos EUA em 1955 



A Independência do Homem



Mal podemos acreditar no filósofo a quem tudo deixa indiferente; não acreditamos na tranquilidade do estóico, não desejamos sequer a impavidez, porque a própria condição humana nos lança na paixão e no medo, e são as lágrimas e o júbilo que nos permitem conhecer o que é.



Eis porque somente o impulso ascendente nos liberta das perturbações anímicas e não é pela supressão que nos encontramos.
Temos, pois, que nos arriscar a ser homens e, enquanto homens, fazermos o que pudermos para alcançar a independência conquistada.


Sofreremos então sem queixume, desesperar-nos-emos sem nos afundarmos, abalados mas nunca completamente derrubados quando suspensos à íntima independência que em nós se gera.
A filosofia, porém, é a escola dessa independência, não a sua posse.



Karl Jaspers, filósofo e psquiatra, nascido na Alemanha em 1883




O Fundo é o que Menos Falta Faz


Será possível plantar uma faia num jardim assim tão pequeno? Portas e janelas dos sete “ateliers” contíguos ligam umas com as outras, no pequeno pátio onde eu e o meu irmão vivemos.


A semente da faia é uma banana um tanto podre ou uma batata. Há umas velhas que não andam nada contentes connosco. Mas se a faia crescer, nunca será demasiado grande, e se não cresce, de que servirá plantá-la? Ora, ao plantá-la, os meus amigos foram dar com as pedras preciosas que eu tinha perdido.


Max Jacob, poeta, nascido na França em 1876






Sem Não Pensar

Sem pensamento não há diálogo possível nem emancipação em nível algum. Se não houver limites para a idiotice, resta isolar-se e estocar alimentos.


Márcia Tiburi, artista plástica, filósofa, escritora, nascida em Vacaroa em 1970

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018



Atendendo ao Messias

Não sei bem se no final dos anos 50 ou no início dos 60, o Brasil comprou da Inglaterra um porta-aviões por 82 milhões de dólares – governo do “patriota” JK – e Juca Chaves  compôs o Brasil Já Vai à Guerra, ironizando tal aquisição. Agora atendendo à solicitação de Messias Bolsonaro o “governo” Temer resolveu nomear um general para o ministério da defesa. Agora vamos para a guerra, invadir a Venezuela e convidando os “amigos” americanos para darem  apoio logístico no combate ao favelados.


Jorge Nicoli





Há 50 anos

Mangueira, campeã

            O  desfile das Escolas de Samba no Rio de Janeiro em 1968, teve como vencedora a Estação Primeira de Mangueira, com o enredo Samba, festa de um povo, ficando em segundo, Império Serrano, com Pernambuco, Leão do Norte. O desfile contou com dez escolas, sendo rebaixadas Independentes do Leblon e Império da Tijuca, no Grupo 2 de Acesso, subiram Em Cima da Hora e Imperatriz Leopoldinense.

E uma vacilada do Paulinho

            1968 foi fértil em lançamentos de núsicas no Brasil, inclusive com alguns clássicos da MPB, mas destaco uma delas. o samba Sei lá. Mangueira, do portelense Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho, parece que foi vencedora de um festival. Um belíssimo samba, gravado pela Divina Elizete Cardoso, mas que causou dor de cabeça ao Paulinho da Viola, afinal sendo da Portela não poderia homenagear a rival Mangueira. Uma vacilada, compensada com o também belíssimo samba Foi um Rio que Passou em minha vida. Santo vacilo.


Jota Pedro
, colaborador do Sopa de Cebola


"

Da Escolha


A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo. Contudo, viver é isso: Ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências.


Jean-Paul Sartre, escritor, filósofo, dramaturgo, nascido na França em 1905




De Um Não Pensador


- A busca pela perfeição é a mostra inequívoca de nossa insegurança, pois é sabido que a perfeição não existe, e enquanto a buscamos, adiamos indefinidamente alguns projetos consistentes, e ainda perdemos a oportunidade de mostrar nossas reais habilidades.



Jorge Nicoli, um quase pensadpr, lorenense, nascido em Guaratinguetá em1945



Retalhos Mentais de Um Cidadão
(Quase) Equilibrado XI

Ouvi dizer que não se deve temer o que é inevitável, portanto não há porque temer a morte, como não há como temer a vida, que também é inevitável, assim como a morte. Morte e vida, duas faces de uma mesma moeda, uma intimamente ligada à outra como irmãs siamesas, porém se teme as duas, por isso se pretende esconder da vida, por isso se tenta adiar a morte. Mas não se adia a morte nem se pode evitar indefinidamente a vida. Um dia elas irão cobrar, então talvez não haja mais tempo para se reconciliar com a vida muito menos com a morte.


Jorge Nicoli, um quase pensadpr, lorenense, nascido em Guaratinguetá em1945


Das coisas da vida

- Se não quereis correr perigo, trancais-vos em casa, fechais as portas e janelas, tampai-vos os ouvidos, calais-vos a boca. Enfim, abandones a vida, pois viver é um eterno correr perigo.

Jorge Nicoli, um quase pensadpr, lorenense, nascido em Guaratinguetá em1945


À Cama e à Mesa


Muitas coisas que à mesa revelam mau gosto são na cama um bom condimento. E vice-versa. A maior parte das uniões são assim infelizes pela simples razão de não se proceder a esta separação entre cama e mesa.


Karl Kraus, escritor, nascido na Austria em 1874



O Efeito do Afastamento no Tempo


O afastamento no tempo engana o sentido do espírito como o afastamento no espaço provoca o erro dos sentidos. O contemporâneo não vê a necessidade do que vem a ser, mas, quando há séculos entre o vir a ser e o observador, então ele vê a necessidade, como aquele que vê à distância o quadrado como algo redondo.


Soren Kierkegaard, filósofo e teólogo, nascido na Dinamarca em 1813




A Inveja é uma Admiração
 que se Dissimula



A inveja é uma admiração que se dissimula. O admirador que sente a impossibilidade de ser feliz cedendo à sua admiração, toma o partido de invejar. Usa então duma linguagem diferente, segundo a qual o que no fundo admira deixa de ter importância, não é mais do que patetice insípida, extravagância. A admiração é um abandono de nós próprios penetrado de felicidade, a inveja, uma reivindicação infeliz do eu.



Soren Kierkegaard, filósofo e teólogo, nascido na Dinamarca em 1813



As Etapas da Nossa Vida



Consoante percorremos cada etapa na nossa vida, reconhecendo-a como mais uma que ficou para trás de nós, a próxima etapa depara-se logo à nossa frente. Quando tivermos aprendido tudo, lentamente vamos percebendo as coisas.


E enquanto vamos percebendo tudo gradualmente, não ficamos parados, já estamos a atender às necessidades das próximas etapas: vivemos, agimos, movemo-nos, vamos preenchendo os requisitos para cumprir as exigências da próxima etapa do nosso desenvolvimento.


Se, por outro lado, não houve um plano, nenhum encantamento gradual, se todo o conhecimento cai em cima de uma pessoa de uma vez só, é possível que nem o seu cérebro nem o seu coração o possa suportar.


Imre Kertész, escritor, nascido na Hungria em 1929


sábado, 24 de fevereiro de 2018



Insólito Poema

Onde estão as palavras
para definir esta infinita tristeza?
Se perderam no meio dos soluços
ou foram tragadas
pela força das lágrimas?

Sem as palavras como falar
da melancolia que assalta os olhos?
Onde se esconderam os versos
de minha poesia?
No escuro infindo das inquietudes
ou entre as trevas das eternas angústias?

E onde estou, se não envolto
nas cinzas de um insólito vulcão.



Jorge Nicoli, aprendiz de poeta, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945


Longe de mim

Hoje ainda não consegui estar do meu lado,. perdido estou, distante de mim.
Não são raras as vezes que me perco de mim mesmo, que me solto e vagueio por lugares longínquos, voando a esmo, de olhos fechados, com receio de ver o que não quero ver.

Vezes que me desligo de mim, e solto, vago fugindo das minhas inquietudes, correndo das angústias, livrando das emoções, buscando, desesperadamente, razões para estar aqui.

Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945

=


O pensar no medo

Penso que sempre irá me faltar coragem para dizer coisas, que precisarei dizer em alguns momentos, não terei coragem para tomar as decisões, que deveriam ser tomadas  e todas as vezes, quando precisar, a coragem irá me deixar e eu não poderei ser eu.

Neste pensar me vejo perdido em torno de mim mesmo, não querendo me encontrar, na certeza de que não terei coragem de me enfrentar, de enfrentar o meu medo de ter coragem e é este medo que poderá me lançar ao labirinto dominado por fantasmas criados pela minha falta de coragem de vencer os meus medos.

Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945


Anjo ou Demônio,
Questão de Escolha


Podemos escolher nosso interlocutor, falar com um anjo ou com um demônio. Um nos fará ver as belezas do mundo, indicará caminhos luminosos e tranqüilos,
o outro, mostrará todas a vicissitudes da existência e indicará caminhos tortuosos, escuros, repletos de obstáculos.


Um dará lições de como ser cortês, cordato, solidário e pregará a paz, já o outro, mostrará como não dar a outra face e fará longo discurso sobre a guerra.


O anjo dirá maravilhas do amor eterno e da poesia, enquanto o demônio não dirá outra coisa, se não as da paixão e as da palavra nua. Um quer nos levar ao Paraíso
e outro à vida.



Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018


Reflexão  Sobre
o Que Dizer


Há tantas coisas para serem ditas,
outras tantas para não serem.
Não dizer dos amores que não tive
ou do amor que tive.
mas talvez dizer das minhas dores
ou daquele São Jorge iluminado
dependurado na parede daquela casa
quando eu menino
ainda acreditava nas coisas lá do céu.


Não dizer das pequenas mágoas
nem dos grandes rancores,
mas dizer das alegrias:
papos na pracinha, flertes na praça,
peladas nos campos do Galvão,
os partos e o Corinthians campeão.
Há coisas que devem ser ditas
como das saudades que nunca tive
ou das poucas lembranças
como as que tenho do meu pai.


Tem coisas que são para serem faladas
outras para serem apenas escritas
por isso faço poesias
só assim posso dizer das coisas
que não são para serem ditas.

Inverno. 2010

Jorge Nicoli
Aprensiz de poeta




Gramsci diz?
“Odeio os Indiferentes”.
e eu estou quase repetindo


Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas.


(excerto de
Odeio os Indiferentes
Antonio Gramsci, filósofo, nascido na Itália em 1891)

Jorge Nicoli



Refletir

- O medo excessivo nos paralisa, a coragem irracional nos faz destemidos, a prudência demasiada nos torna comodista, o pensamento estagnado nos faz reflexivo. Nada em excesso nos faz bem, nem a comida.


Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945


Só Quero Cuidar da Minha Vida


Interessante é como as pessoas reagem quando discordo do  gosto ou do paladar delas. Se  postam na defensiva e, às vezes, se tornam até agressivas em seus argumentos.


Apenas emito opinião sobre isto ou aquilo, sem nenhuma pretensão de tolher a liberdade de escolha de quem quer que seja.  Entendo que cada qual faça de sua vida o que quiser. Já dá muito trabalho cuidar da minha vida.



Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945


Saber Avaliar a Novidade


A ideia de que somente é belo o que é novo e jovem envenena as nossas relações com o passado e com o nosso próprio futuro. Impede-nos de compreender as nossas raízes e as maiores obras da nossa cultura e das outras culturas. Faz-nos também recear o que está à nossa frente e leva muita gente a fugir à realidade


Walter Kaufmann, filósofo, nascido na Alemanha em 1921




Concordar mas Sempre em Desacordo


A maioria das pessoas só se convencem de ter razão depois que outras pessoas concordam com elas. Mas alguns de nós não achamos nada mais perturbador do que as nossas próprias palavras ditas por outros.


Walter Kaufmann, filósofo, nascido na Alemanha em 1921




A Insociável Sociabilidade dos Homens


O meio que a natureza utiliza para levar a bom termo o desenvolvimento de todas as suas disposições é o seu antagonismo no interior da sociedade, na medida em que este é, no entanto, no final de contas, a causa de uma organização regular dessa sociedade. Entendo aqui por antagonismo a insociável sociabilidade dos homens, ou seja, a sua inclinação para entrar em sociedade, inclinação que é contudo acompanhada de uma repulsa geral a entrar em sociedade, que ameaça constantemente desagregá-la. 


Emmanuel Kant, fiçósofo, nascido na Alemanha em 1724




A Liberdade só Existe
com Lei e Poder


Liberdade e lei (pela qual a liberdade é limitada) são os dois eixos em torno dos quais gira a legislação civil. Mas, a fim de que a lei seja eficaz, em vez de ser uma simples recomendação, deve ser acrescentado um meio-termo, o poder, que, ligado aos princípios da liberdade, garanta o sucesso dos da lei.
  
É possível conceber apenas quatro formas de combinação desse único elemento com os dois primeiros: 

A. Lei e liberdade sem poder (Anarquia). 

B. Lei e poder sem liberdade (Despotismo). 

C. Poder sem liberdade nem lei (Barbárie). 

D. Poder com liberdade e lei (República).


Emmanuel Kant, fiçósofo, nascido na Alemanha em 1724




 A Fraqueza Fundamental do Homem


A fraqueza fundamental do homem não é nada que ele não possa vencer, desde que não possa aproveitar com a vitória. A juventude vence tudo, a impostura, a astúcia mais dissimulada, mas não há ninguém que possa deter no voo a vitória, torná-la viva, porque então a juventude deixou de existir.


A velhice não ousa tocar na vitória e a nova juventude atormentada pelo novo ataque que se desencadeia imediatamente, deseja a sua própria vitória. É assim que o Diabo sem cessar vencido, nunca é aniquilado. 


Franz Kafka, escritor, nascido na Austria em 1883




Um Cidadão Livre


Ele é um cidadão livre e seguro da Terra, pois está atado a uma corrente suficientemente longa para lhe dar livre acesso a todos os espaços terrenos e, no entanto, longa apenas para que nada seja capaz de arrancá-lo dos limites da Terra.


Mas é, ao mesmo tempo, um cidadão livre e seguro do céu, uma vez que está igualmente atado a uma corrente celeste calculada de maneira semelhante. Assim, se quer descer à Terra, a coleira do céu enforca-o; se quer subir ao céu, enforca-o a coleira da Terra.


A despeito de tudo, tem todas as possibilidades e sente-as, recusando-se mesmo a atribuir o que acontece a um erro cometido no primeiro ato de acorrentar.

Franz Kafka, escritor, nascido na Austria em 1883

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018



Não dá para me Calar


Antes de tudo, minhas desculpas ao amigo leitor pela insistência, mas não consigo me calar diante da indiferença, tão maléfica quanto as ideologias nazi-fascistas. Se uma produz torturas, opressão, cerceamento das liberdades, anulação do estado de direito a outra permite que isto aconteça.  De certa forma torna-se cúmplice. Quando falo dos indiferentes, não falo da grande massa que pouco acesso tem à educação e à cultura – culpa dos indiferentes -, falo da chamada classe artística que, em sua maioria, procura olhar para seu próprio umbigo e se admirar no seu espelho.


Uma censura aqui,  outra mais ali, um intervenção lá, uma página rasgada numa sala,  outra no palácio e os indiferentes alegrando a burguesia, de olho nos míseros cachês e deixando a vida rolar.

Jorge Nicoli

Que não consegue ser indiferente


Gramsci Odeia os Indiferentes
(Estou Tentado a...)

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca.

(excerto de
Odeio os Indiferentes,
Antonio Gramsci,
Filósofo e político, nascido na Itália em 1891)

Jorge Nicoli





Eu, um Anjo, Mensageiro do Senhor?

Francisco, o Papa disse “que é mais fácil um ateu entrar no Reino do Céu do que um católico hipócrita”. Diante disso, vejo a possibilidade de comprovar a existência de Deus. Quem sabe Ele se simpatize comigo e me dê um cargo, de anjo, um mensageiro e o que seria de grande importância, pois me livraria da monotonia que deve ser o tal Paraíso.

Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945

A imagem pode conter: nuvem

a imagem retrata Barrabás, de um Auto desconhecido



Das coisas da vida

- De tudo que possuímos, somente duas coisas são realmente nossas. Indelevelmente nossas. O corpo e a vida, que vieram e irão conosco. O restante são coisas emprestadas e terão que ser devolvidas, um dia.

Jorge Nicoli, um lorenense não pensador, nascido em Guaratinguetá em 1945




Refletir

- Erros e acertos são contingências da vida, mas é preciso ter clareza de que os erros não nos farão piores tampouco os acertos nos tornarão melhores do que realmente somos.

Jorge Nicoli, um lorenense não pensador, nascido em Guaratinguetá em 1945


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Caminho Recompensador


Aquele que se tenha erguido acima do cesto das esmolas e não se tenha contentado em viver ociosamente das sobras de opiniões suplicadas, que pôs a funcionar os seus próprios pensamentos para encontrar e seguir a verdade, não deixará de sentir a satisfação do caçador; cada momento da sua busca recompensará os seus dissabores com algum prazer; e terá razões para pensar que o seu tempo não foi mal gasto, mesmo quando não se puder gabar de nenhuma aquisição especial.



John Locke, filósofo, nascido na Inglaterra em 1632



Nunca Aprendi a Viver


De repente eu me vi e vi o mundo. E entendi: o mundo é sempre dos outros. Nunca meu. Sou o pária dos ricos. Os pobres de alma nada armazenam. A vertigem que se tem quando num súbito relâmpago-trovoada se vê o clarão do não entender. Eu não entendo! Por medo da loucura, renunciei à verdade. Minhas idéias são inventadas. Eu não me responsabilizo por elas.


O mais engraçado é que nunca aprendi a viver. Eu não sei nada. Só sei ir vivendo. Como o meu cachorro. Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás. Se eu desse um passo para a frente eu seria enfocada pelo amarelado de esplendor que quase cega.


Clarice Lispector, nascida na Ucrânia em 1920, naturalizada nordestina




Tenho Medo de Escrever


Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto — e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio.


Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras — quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.


Clarice Lispector, nascida na Ucrânia em 1920, naturalizada nordestina




O Paradoxo do Tempo


Frequentemente observei o seguinte: quanto mais variados os acontecimentos que se sucedem, tanto mais rapidamente passam os nossos dias, mais longo, ao contrário nos parece o tempo passado, a soma desses dias.


Por outro lado, quanto mais monótonas as nossas ocupações, tanto mais longos se tornam os nossos dias, tanto mais curto o tempo passado ou a soma deles. A explicação não é difícil.


Georg Lichtenberg, físico e escritor, nascido na Alemanha em 1742




Formatados pela Sociedade


Idealmente, o que deveria ser dito a todas as crianças, repetidamente, ao longo da sua vida escolar, seria algo como isto: “Estás no processo de ser doutrinado. Nós ainda não fomos capazes de desenvolver um sistema de educação que não seja um processo de doutrinação. Lamentamos, mas é o melhor que podemos fazer. O que te estamos a ensinar é uma amálgama dos preconceitos atuais e das escolhas desta cultura em particular. Uma pequena olhada na História vai-te mostrar o quanto estes são temporários.
  

Estás a ser ensinado por pessoas que conseguiram acomodar-se a um regime de pensamento que foi desenhado pelos seus antecessores. É um sistema de auto-perpetuação. Aqueles de vocês que forem mais robustos e individuais que os outros serão encorajados a sair e a encontrar formas de se educarem a si próprios – a educarem os seus próprios julgamentos. Aqueles que ficarem têm que se lembrar, sempre, e para sempre, que estão a ser moldados e modelados para se encaixarem nas necessidades estreitas e particulares desta sociedade”.


Doris Lessing, escritora e poetisa, nascida na Inglaterra em 1919


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018


Odeio os indiferentes
(trecho inicial)


Viver significa tomar partido. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.



Antonio Gramsci nascido na Itália em 1891, filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político

Tenho Horror à Indiferença

Uma omissão preocupante. Postei – por duas vezes - um texto falando da possível censura a um texto de Nélson Rodrigues por parte do Secretário de Educação, professor Júlio Brebal e não houve nenhuma manifestação. A indiferença é a porta aberta para a opressão.

Para ilustrar:

Trecho de
No Caminho com Maiakovski, de Eduardo Alves da  Costa, porta e jornalista

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor
do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.  E já não podemos dizer nada.



Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945


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Retalhos mentais de um cidadão
 (quase) equilibrado VIII


A roda da vida gira em torno do tempo. O mundo gira com a roda da vida. O tempo estanque sustenta a roda da viida que gira com o giro do mundo. A vida que gira em roda do tempo, também gira com o giro do mundo. O mundo giira a roda da vida que roda em torno do tempo. O tempo que não gira nem roda espera o giro do mundo e a roda da vida.

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Jorge Nicoli, lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945