Leitor e Autor,
num Mundo à Parte
Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo
comum e objetivo para viver noutro mundo. A janela iluminada noite adentro
isola o leitor da realidade da rua, que é o sumidouro da vida subjetiva.
Árvores
ramalham.
De vez em quando passam passos. Lá no alto estrelas
teimosas namoram inutilmente a janela iluminada. O homem, prisioneiro do
círculo claro da lâmpada, apenas ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa
do seu corpo, está suspenso no ponto ideal de uma outra dimensão, além do tempo
e do espaço. No tapete voador só há lugar para dois passageiros: leitor e
autor.
Augusto
Meyer, jornalista, poeta e ensaísta, nascido em Porto Alegre em 1902
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