quarta-feira, 28 de março de 2018



Se Pertencer

Numa sociedade que se move pelo status e aparência, a  relação com  o corpo está, infelizmente, subordinado a certos paradigmas e imposições sociais. Principalmente, o corpo feminino, sempre visto como um convite ao prazer sexual masculino, onde qualquer ato ou aparência pode ser encarado como algo provocativo ou sensual. Porém, a mulher devería se enxergar livre de toda regra e desejo alheio. As roupas que se usa, as formas que se expõe, o  jeito, nada pode ser responsabilizado pelo o que outro sente. O que é despertado só pode ter sentido e razão naquele que sente. Não em quem o desperta.

A única regra que deveria valer  é o próprio conforto e bem-estar. Não  deve se vestir e nem estar preocupada com a impressão que vai causar no outro, mas sim, no prazer que se sente ao se ver.  E isso é difícil quando não se pertence.

Na maioria das vezes, se repete um padrão, que a mídia mostra ou  aquilo que o “mundo fashion”  apresenta como o ideal. Se  repete o que as celebridades usam, se copia os “modelos” incutidos socialmente; e estipula como devem se comportar Se vestir conforme a idade  e na rua,  mulheres tão parecidas, parecem terem sido “fabricadas” em série. A maioria alisa os cabelos e gasta tempo e muito dinheiro para transformar suas formas naturais.

Não existe o mesmo peso quanto a imagem do homem. Aliás quando eles subvertem o que seria considerado “normal” é tido como interessante e autêntico. Porém, a imagem da mulher está tão aprisionada aos conceitos externos que nem se percebe a violência contra sua essência. É impressionante o número de títulos de revistas, livros, artigos que apresentam fórmulas para se  “valorizar”, para ser mais atraente ou transparecer seriedade, como se dependesse disso para descobrir e “mostrar” quem realmente se é.

Portanto parem de ditar regras sobre o comportamento das mulheres.  Deixem-nas ser livres. Elas já suportaram, por muito tempo, o peso do mundo masculino. São milênios carregando este fardo, encaradas como serviçais,  objetos  do prazer e do bem-estar alheio. Nunca de si.


A imagem pode conter: Silvia Ambrósio, sorrindo Sílvia Ambrósio, jornalista e atriz, de Cachoeira Paulista


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