Se Pertencer
Numa
sociedade que se move pelo status e aparência, a relação com o corpo está, infelizmente, subordinado a certos
paradigmas e imposições sociais. Principalmente, o corpo feminino, sempre visto
como um convite ao prazer sexual masculino, onde qualquer ato ou aparência pode
ser encarado como algo provocativo ou sensual. Porém, a mulher devería se enxergar
livre de toda regra e desejo alheio. As roupas que se usa, as formas que se
expõe, o jeito, nada pode ser
responsabilizado pelo o que outro sente. O que é despertado só pode ter sentido
e razão naquele que sente. Não em quem o desperta.
A única regra que deveria valer é o próprio conforto e bem-estar. Não deve se vestir e nem estar preocupada com a
impressão que vai causar no outro, mas sim, no prazer que se sente ao se ver. E isso é difícil quando não se pertence.
Na maioria das vezes, se repete um padrão, que a mídia
mostra ou aquilo que o “mundo fashion” apresenta como o ideal. Se repete o que as celebridades usam, se copia os
“modelos” incutidos socialmente; e estipula como devem se comportar Se vestir
conforme a idade e na rua, mulheres tão parecidas, parecem terem sido
“fabricadas” em série. A maioria alisa os cabelos e gasta tempo e muito
dinheiro para transformar suas formas naturais.
Não existe o mesmo peso quanto a imagem do homem.
Aliás quando eles subvertem o que seria considerado “normal” é tido como
interessante e autêntico. Porém, a imagem da mulher está tão aprisionada aos
conceitos externos que nem se percebe a violência contra sua essência. É
impressionante o número de títulos de revistas, livros, artigos que apresentam
fórmulas para se “valorizar”, para ser
mais atraente ou transparecer seriedade, como se dependesse disso para descobrir
e “mostrar” quem realmente se é.
Portanto parem de ditar regras sobre o comportamento
das mulheres. Deixem-nas ser livres. Elas
já suportaram, por muito tempo, o peso do mundo masculino. São milênios
carregando este fardo, encaradas como serviçais, objetos do prazer e do bem-estar alheio. Nunca de si.
Sílvia Ambrósio, jornalista e atriz, de
Cachoeira Paulista
Nenhum comentário:
Postar um comentário