Teatro
Da Deusa de Tihuana
O
Anjo Azul (1930) e Casablanca (1942), são duas histórias banais, comuns, que se
transformaram, por um motivo ou outro, em clássicos cinematográficos. Assim Frida Kahlo,
a Deusa de Tihuana também não foge do banal, do comum. História de amor de uma mulher marcada por dramas pessoais, físicos e emocionais. Texto
baseado em anotações pessoais da pintora mexicana Frida Kahlo, prosaicas,
existenciais, quase filosóficas, corajosas, dramáticas. Ingredientes para criar
um espetáculo piegas, melodramático. Assim como nos dois filmes, o diretor Luiz
Antônio Rocha consegue driblar o óbvio, o fácil e cria um espetáculo contido,
mas com uma grande carga de emoção, de dramaticidade, de rara sensibilidade. Consegue inserir longos
silêncios, como forma de narrativa, da mesma forma que “quebra a quarta parede”,
para a participação do espectador sem perder o fio condutor. Traz para a cena
Diego Rivera, o grande amor de Frida, de forma invisível, como usa a sutileza na presença do
música/camareiro em cena. Enfim de uma bela direção surge um belíssimo
espetáculo.
Da atriz
Monólogo nunca é fácil, é preciso mais de que um bom texto
ou uma boa direção, é preciso talento, saber que se está só na imensidão de um palco, que é
necessário ocupá-lo, com a voz, com os gestos, com movimentos, com o silêncio. É
que faz Rose Germano, com seu enorme talento. Rose dá vida à personagem sem se
apossar dela. Não se perde em histrionismo, comum em histórias dramáticas, e não quer ser
maior do que o texto. Mesmo assim é
impossível não vê-la em toda a plenitude no palco. Nela está a humildade das grandes
estrelas do teatro brasileiro. Talvez, como Fernanda Montenegro, não aceite o e
epíteto de diva ou de dama do teatro, mas não há como não concordar que é, sem
dúvida alguma, uma das mais brilhantes atrizes brasileiras.
Jorge Nicoli
Ator e diretor
Carmen Xavier
Atriz e diretora
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