quinta-feira, 19 de setembro de 2019




Das Lembranças

Não cultivo saudade. O ontem foi  ontem. Já fui garoto, adolescente. Passaram, levados pela vida. A vida caminha, leva sonhos, esconde a saudade, deixa lembranças.

Lembranças da minha incapacidade em manusear o estilingue e empinar o papagaio, de ter jogado bolinha de gude e fincão sem grande sucesso. Lembrar, sem saudosismo  dos rachas no murundanha e na rua de terra. Dos dedões estourados e dos cortes nos pés.

A vida passa, deixa só lembranças, como as das secretas paixões pelas meninas mais velhas, dos ingênuos namoros  com meninas quase ingênuas. Eram dias de uma quase ingenuidade e eu, Ingênuo, acreditava na glória, vinda de outros campos.

Sonhos que a vida levou,  não se preocupou em deixar saudade. E assim, ao lado da vida, continuo a caminhar em direção as minhas origens. De tudo, ficaram as lembranças. Isto basta.

Jorge Nicoli







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