Das Lembranças
Não cultivo saudade. O
ontem foi ontem. Já fui garoto,
adolescente. Passaram, levados pela vida. A vida caminha, leva sonhos, esconde
a saudade, deixa lembranças.
Lembranças da minha incapacidade
em manusear o estilingue e empinar o papagaio, de ter jogado bolinha de gude e
fincão sem grande sucesso. Lembrar, sem saudosismo dos rachas no murundanha e na rua de terra.
Dos dedões estourados e dos cortes nos pés.
A vida passa, deixa só
lembranças, como as das secretas paixões pelas meninas mais velhas, dos ingênuos
namoros com meninas quase ingênuas. Eram
dias de uma quase ingenuidade e eu, Ingênuo, acreditava na glória, vinda de
outros campos.
Sonhos que a vida
levou, não se preocupou em deixar
saudade. E assim, ao lado da vida, continuo a caminhar em direção as minhas
origens. De tudo, ficaram as lembranças. Isto basta.
Jorge Nicoli
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