Dia dos
Pais
Saudade, palavra pouco cultuada por mim. Dizem que o mais
solitário é aquele que não sente saudade. Sempre fui solitário, mesmo
acompanhado. O medo de sentir saudade, pois isso significaria se envolver.
Confessar-se apaixonado me causava medo. Mas domingo, pensei em ti, no teu sorriso,
na tua voz, no teu olhar, no teu jeito, na tua presença. Senti tua falta e
alguma coisa no peito. Um aperto.
Era dia dos pais, então lembrei-me do meu,
que partiu há muito tempo. Perda de poucas lembranças e nenhuma saudade. De
novo, o aperto, algumas teimosas lágrimas. Percebi que tinha me encontrado com
a saudade. Encontro um pouco dolorido, mas uma dor que passa e a solidão que se
vai. A saudade, sem pedir licença, se alojou em mim. Abracei meu pai, me deitei
no seu colo e perdi o medo de me apaixonar por ti.
Jorge Nicoli
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