segunda-feira, 18 de novembro de 2019



Dia dos Pais

Saudade, palavra pouco cultuada por mim. Dizem que o mais solitário é aquele que não sente saudade. Sempre fui solitário, mesmo acompanhado. O medo de sentir saudade, pois isso significaria se envolver. Confessar-se apaixonado me causava medo. Mas domingo, pensei em ti, no teu sorriso, na tua voz, no teu olhar, no teu jeito, na tua presença. Senti tua falta e alguma coisa no peito. Um aperto. 

Era dia dos pais, então lembrei-me do meu, que partiu há muito tempo. Perda de poucas lembranças e nenhuma saudade. De novo, o aperto, algumas teimosas lágrimas. Percebi que tinha me encontrado com a saudade. Encontro um pouco dolorido, mas uma dor que passa e a solidão que se vai. A saudade, sem pedir licença, se alojou em mim. Abracei meu pai, me deitei no seu colo e perdi o medo de me apaixonar por ti.

Jorge Nicoli

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