terça-feira, 19 de novembro de 2019


Pra que nome?

Há um grito represado na minha garganta, como há uma lágrima presa na minha retina. Um soluço estancado no meu peito não rasga o véu do silêncio. Meus ouvidos, antes surdos, ouvem as canções sacras entoadas pelo coro de todos os meus demônios.

Meus dedos tateiam a escuridão dos meus olhos, enquanto o perfume das flores mortas envolve os meus sentidos. Um corpo dividido em partes desiguais, pedaços disformes espalhados pelos cantos da velha casa que, um dia, abrigara minhas carnes. Há um ar frio rondando minh´alma, ainda intacta, como há o gosto do fel curtido em minha boca.

Jorge Nicoli


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Jorge Nicoli



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