Viver é não Saber que se Vive
Ponho-me, às vezes, a olhar para o espelho e a examinar-me,
feição por feição: os olhos, a boca, o modelado da fronte, a curva das
pálpebras, a linha da face... E esta amálgama grosseira e feia, grotesca e
miserável, saberia fazer versos? Ah, não! Existe outra coisa... mas o quê?
Afinal, para que pensar?
Viver é não saber que se vive. Procurar o sentido da vida, sem
mesmo saber se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurastênicos. Só uma
visão de conjunto pode aproximar-se da verdade.
Examinar em detalhe é criar novos detalhes. Por debaixo da cor
está o desenho firme e só se encontra o que se não procura. Porque me não
esqueço eu de viver... para viver?
Florbela Espanca,
Que
nasceu em Portugal, dia 8 de dezembro de 1894
==========================================
Sábia Indecisão
Muito Mais Que Um Grupo de Teatro
Nenhum comentário:
Postar um comentário