segunda-feira, 15 de maio de 2017


Quando Escrevo

Quando eu recito ou quando eu escrevo uma palavra, um mundo poluído explode comigo e logo os estilhaços desse corpo arrebentado, retalhado em lascas de corte e fogo e morte (como napalm), espalham imprevisíveis significados ao redor de mim. Uma palavra é mais que uma palavra, além de uma cilada.

Agora não se fala nada e tudo é transparente em cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla os pássaros de sempre cantam apenas uma espécie de caos no interior tenebroso da semântica.  Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema.

Torquato Neto
compositor, poeta, ator, jornalista

nascido no Piauí, em 1944.

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