Desprezo e Receio
Já notei que a
maior parte dos homens se sente açulada e indignada quando, em pleno combate
moral, recorremos à ternura e ao afeto. É vê-los feras amansadas e apanhadas de
surpresa assim que recorremos à violência ou à dureza. Raça detestável! Tal
preceito mantém-se praticamente inalterável no que respeita ao amor.
Realidade estranha
e deplorável, pois, em muitos casos, é igualmente aplicável à amizade; realidade
pavorosa, desesperante, mas inevitável, necessária à subsistência das nossas
sociedades, dos governos mais democráticos aos mais despóticos. Quando não é
refreado nem reprimido, o homem aproveita imediatamente para cometer abusos.
Despreza quem o receia e maltrata quem o ama; receia quem o despreza e ama quem
o maltrata.
George Sand
Escritora,
nascida na França em 1801
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