sábado, 10 de fevereiro de 2018




Do Se Encontrar

O sambista carioca Candeia, nascido no Rio de Janeiro em 1935, compôs -  entre tantas coisas belas - Preciso me encontrar, que tem em seus versos: “vou por ai a procurar. Rir para não chorar, se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar, quando me encontrar”. Ele procura a si próprio perdido em algum ponto da vida.

O filósofo prussiano Nietzsche, num outro contexto, fala algo como “é preciso ser perder, vez ou outra, para poder se encontrar” e podemos encarnar Fernando Pessoa, com seu “viver não é preciso”. É isso, não há nada preciso na vida, os caminhos são tortuosos, repletos de obstáculos, onde não há atalhos. Por tudo isso que nós nos perdemos, na maioria das vezes, involuntariamente, como na música de Candeia, outras, voluntariamente, sugerido pelo filósofo. E como se encontrar? Se não sabemos onde nos perdemos e em qual momento se deu a perda


O perder de si mesmo é entrar num rodamoinho de situações, aparentemente insolúveis, é girar em torno de seu próprio eu, é dar voltas numa pequena praça com várias ruas e entrar sempre na que não tem saída, É o caminhar com os olhos vendados por uma escura floresta. Candeia diz que quer ver “o sol nascer, as águas do rio correr, ouvir os pássaros cantar”. Talvez seja uma forma de se encontrar, o encontro com as coisas da natureza. O tempo para refletir sobre a própria vida. “Quero nascer, quero viver, clama o compositor, que poderíamos substituir por quero re-nascer, quero re-viver.


Não sou psicólogo e nem tenho pretensões em escrever livro de auto-ajuda. Pode ser que não tenha a devida competência para ambas, portanto apenas faço reflexões e, não raro, vago por caminhos desconhecidos.

Jorge Nicoli

Lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945

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