Em Toda a Biblioteca
há Espíritos
Penso que em toda
a biblioteca há espíritos. Esses são os espíritos dos mortos que só despertam
quando o leitor os busca. Assim, o ato estético não corresponde a um livro. Um
livro é um cubo de papel, uma coisa entre coisas. O ato estético ocorre muito
poucas vezes, e cada vez em situações inteiramente diferentes e sempre de modo
preciso.
Detenhamo-nos
nesta ideia: onde está a fé do leitor? Porque, para ler um livro, devemos
acreditar nele? Se não acreditamos no livro, não acreditamos no prazer da
leitura. Acompanhamos a ficção como acontece, de alguma maneira, no sonho.
Jorge Luís Borges, poeta, escritor e ensaísta,
nascido na Argentina em 1899
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