Lápide
Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo nas pedras
do meu Pasto incendiado: fustiguem-lhe seu Dorso alardeado, com a Espora de
ouro, até matá-lo. Um dos meus filhos deve cavalgá-lo numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo chapas de Cobre, sinos e badalos.
Assim, com o Raio e o cobre percutido, tropel de
cascos, sangue do Castanho, talvez se finja o som de Ouro fundido que, em vão –
Sangue insensato e vagabundo tentei
forjar, no meu Cantar estranho, tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!
Ariano Vilar Suassuna nascido Cidade da Parahyba, Paraíba em 1927, dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor
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