quinta-feira, 1 de março de 2018



Lápide


Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo nas pedras do meu Pasto incendiado: fustiguem-lhe seu Dorso alardeado, com a Espora de ouro, até matá-lo. Um dos meus filhos deve cavalgá-lo numa Sela de couro esverdeado, que arraste pelo Chão pedroso e pardo chapas de Cobre, sinos e badalos.


Assim, com o Raio e o cobre percutido, tropel de cascos, sangue do Castanho, talvez se finja o som de Ouro fundido que, em vão – Sangue insensato e vagabundo   tentei forjar, no meu Cantar estranho, tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!



Ariano Vilar Suassuna nascido Cidade da Parahyba, Paraíba em 1927, dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor

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