terça-feira, 24 de abril de 2018


A mentira nossa de cada dia


Interações superficiais nos consomem a maior parte do dia. Relações desconexas no intuito de nos entreter e não pensar naquilo que somos. Frases vazias e repetidas para nos ludibriar. Não nos fazer sentir os dias que morrem, os sonhos que se apagam, os ideais esquecidos.

Por que é tão difícil encontrarmos pessoas abertas e dispostas a uma conversa que desnude nossas almas? Por que sempre estamos buscando meios para fugir de nós mesmos? Por que queremos ocultar nossas verdades?

Fazemos tantas coisas que nos parecem genuínas para corresponder a uma construção social do que é felicidade. Mas desconhecemos quais são nossas reais necessidades. Sexo, dinheiro,  drogas, religião, crenças, costumes, valores, que nos ditam como devemos estar satisfeitos.

O trabalho é a nossa obrigação para fuga de nós mesmos. O propósito da nação, do ganho ou perda econômica, os assassinos e a violência, a política e a corrupção, as armas, as guerras, as invenções, as drogas, o remédio, o livro, a religião, o som alto, a beleza, o exótico, a loucura, toda nomenclatura repetida e estereótipo, é para nos distrair.

Enxurradas de frases, consolos ou piadas… Queremos um arrastão de olhares que nos faça sentir que existimos e somos importantes. Mas ao final estamos exaustos e sozinhos. presos em nossos enredos mentais, onde tentamos articular personagens que amamos e odiamos para um final que nos faça felizes.

Dentro de nós não há teorias, não há causa e efeito, só há desejo de real companhia para extravasar a dor ou alegria. Só um apelo constante que nos mostre um brilho radiante de quem nos quer bem. E que a vida passe a ter um pouco mais de sentido real.



Sílvia Ambrósio, jornalista e atriz, de Cachoeira Paulista



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