sexta-feira, 7 de dezembro de 2018



As pontes

Duas pontes, uma de ferro outra de balanço. Sim, de balanço. Madeiras sustentadas por cabos de aço.. Uma me permitia atravessar o rio, a outra o ribeirão, ambos ainda límpidos e caudalosos. No começo, sob os cuidados de minha mãe, depois, sozinho ou com amigos a caminho dos sonhos de adolescente. A bola, a dança de salão, a conquista. à povoarem os pensamentos naquela travessia.

As pontes, agora, são lembranças. Uma substituída pelo cimento, a outra corroída pelo descaso. Parecia indestrutível.

Estas lembranças me levaram à reflexionar sobre as pontes que temos que atravessar vida adentro. As de balanço, atravessamos com cuidado, segurando nos cabos que as sustentam. É o medo de cair e ser tragado pelo abismo existente sob nossos pés. Já na de  ferro, aparentemente indestrutível, somos descuidados, com nós e com ela. O descuido nos leva à queda e, então, seremos tragados pelo abismo escuro e sem fim.


Jorge Nicoli


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