quinta-feira, 13 de dezembro de 2018



O choro sem lágrimas


Há o vento frio da morte soprando, há as flores mortas cobrindo o jazigo e aquele muro cinza manchado com o sangue de Deus.

Pelos bueiros escorrem restos de chuva e sobras de dejetos. Objetos estranhos, nas mãos de meninos e meninas, cortam o as veias dos santos.

No alto do campanário a ave de rapina observa a marcha dos deserdados rumo a lugar algum.

Na sala de jantar a família reza pedindo graças aos velhos fantasmas, enquanto. no quarto a filha se masturba com o ursinho de pelúcia.

Nas ruínas do antigo templo homens e mulheres promovem  grande orgia ao som de um velho vinil de valsas vienenses.

Sentado na calçada da rua quase escura, choro o choro sem lágrimas.


Jorge Nicoli
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