Bons Tempos Aqueles
O episódio com o jovem cidadão fascista, me fez lembrar do
final dos anos 70, início dos 80, quando militava mais ativamente da política
local.
Escrevia em jornais, era um crítico mordaz do prefeito e de
alguns vereadores conservadores.
Nenhum deles se tornou meu “inimigo”, como, em nenhum
momento, o então prefeito – alvo de minhas críticas mais irônicas – tentou me
constranger, embora me considerasse seu “inimigo”.
Não o era, era apenas adversário.
Dentre os meus “desafetos” estava o vereador Celso Areco, o
Tigrão, que numa determinada noite me concedeu carona rumo ao Varanda, no Santo
Antônio e dentro do carro, disse que iria contratar alguém para me matar. Falou
sério. Levei na brincadeira dizendo que não seria legal, pois Lorena perderia
duas grandes figuras políticas, eu, morto, ele, preso. Até o nosso destino
insistiu na tese de minha eliminação.
Porém, ao chegarmos ao balcão, pediu uma cerveja e dois
copos. Tomamos a cerveja, ele pagou, me ofereceu carona para voltar. Preferi
ficar mais um tempo por lá.
E mossas desavenças políticas continuaram, até que um dia
ele foi obrigado a amputar uma das pernas – diabetes – e eu apertei sua mão,
selando assim a nossa paz.
Um detalhe, Celso era fiscal de renda do Estado, mas nunca
esteve em meu estabelecimento se
apresentando como tal. Bons tempos em que a política era tão somente um jogo
democrático.
Jorge Nicoli
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De Pablo Picasso
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