quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018


Envelhecer

Envelhecer, caminho natural da existência, se aproximando da morte, final inexorável. Se bem que, vez ou outra, a morte resolva interferir nesta lógica. Quando não, caminhamos para o envelhecimento, para a diminuição gradativa da energia. O envelhecer nos fragiliza, nos enfraquece, física e psicologicamente, ainda mais se nos deixamos abater por estarmos envelhecendo

Não há como paralisar a corrida da vida, não há como estancar o transbordamento das energias, não há como segurar o ritmo da existência. Não raro nos enganamos pensando que roupas jovens nos tornará mais jovens ou que locais joviais nos trará jovialidade. O envelhecer não se deixa contaminar pelas aparências.

O envelhecer tem um certo tom de crueldade, por isso corremos o risco de nos tornarmos tolos quando perdemos o contato com a realidade. Uma realidade dura, pois estamos impregnados de lembranças, fomos crianças, adolescentes, jovens, tínhamos cabelos, dentes fortes, faces lisas, olhos brilhantes, pulamos corda ou jogamos futebol, trocamos olhares com outro jovem, sonhamos, sonhos palpáveis ou não. Mas sonhos. Hoje nossa face reflete o passar da vida, há rugas e olhos não tão vivos
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Lembrar faz bem, porém é preciso não se prender às lembranças, que só servem como lembranças. É possível, até saudável, aproximar-se dos jovens. Nos rejuvenesce. É possível que esta sensação tome conta de nosso ser, só não é possível voltar a ser jovem.

Envelhecer não nos tira a capacidade de, ainda, sonhar, sonhos maduros, como é possível se apaixonar, assim os olhos voltarão a brilha
r.
Jorge Nicoli
Lorenense, nascido em Guaratinguetá em 1945





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