Já não Há
Está envenenada a terra que nos enterra ou desterra. Já não há ar, só
desar. Já não há chuva, só chuva ácida. Vista do crepúsculo no final do século.
Já não há parques, só parkings. Já não há sociedades, só sociedades anônimas.
Empresas em lugar de nações e consumidores em lugar de cidadãos. Aglomerações
em lugar de cidades e não há pessoas, só públicos. Não há visões, só
televisões. Para elogiar uma flor, diz-se: "parece de plástico".
Eduardo Galeano,
jornalista e escritor, nascido no Uruguai em 1940
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