sexta-feira, 23 de setembro de 2016


O Barroco na Música Popular

A música popular brasileira está repleta de letras barrocas, não só em imagens poéticas como no rebuscamento das  palavras.

Aqui dois exemplos, o primeiro é Luar do Sertão, de Catulo da Paixão Cerense (1863/1946), que por sinal era maranhense, onde se encontra versos como este:: “Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão”, ou como estes: “Mais parece um sol de prata prateando a solidão”,  e como estes:  “No leito azul das suas águas murmurando, e por sua vez roubando as estrelas lá do.céu”.

O outro exemplo é Rosa, música de Pixinguinha (1897/1973) com letra de Otávio de Souza, um mecânico, do qual nada se sabe, além de ter sido o autor da letra para este clássico. Uma letra repleta de versos rebuscados.

Eis uns :  “Tu és divina e graciosa, estátua majestosa do amor, por Deus esculturada   e formada com ardor da alma da mais linda flor de mais ativo olor.”; Mais uns: “Teu coração junto ao meu lanceado,  pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito teu”.  Outro: “Oh, alma perenal.” E mais outro:  Em sândalos olentes cheios de sabor.

A letra toda composta na segunda pessoa e contendo alguns equívocos, porém o que vale é sua perenidade. A letra ainda contém outras pérolas. mas já se pode ter uma idéia do quanto de barroco possui.

Jota Pedro
Colaborador do Sopa de Cebola
Um Boletim de Arte e Cultura, há 4 anos compartilhando inteligência


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