domingo, 23 de abril de 2017


As Reaproximações


Quando nasci minha avó Luzia, matriarca de sangue italiano, decidiu que me chamaria Jorge e que Jorge, o da lua, seria meu padrinho. Assim foi feito e meu primeiro banho foi regado a vinho e água, assim como a comemoração pela minha chegada.

E durante algum tempo Jorge me acompanhou, através de um quadro dependurado na parede – era iluminado em seu contorno -, quadro pelo qual meu pai nutria grande devoção, inclusive dizia tê-lo salvado da morte duas vezes. Meu pai se foi muito cedo, eu não liguei mais para Jorge e pouco lembrava de meu pai. Abandonei as coisas lá do céu e das afinidades

E por muito tempo vivi assim, longe destas coisas do espírito, até que  certo dia resolvi me reaproximar destas figuras míticas – ou místicas -, me apegando aos orixás. Com isto me acheguei novamente ao meu padrinho Jorge e, talvez, mais do que isso, reaproximei de meu pai.


Jorge Nicoli
Afilhado de Jorge – ou de Ogum

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