Um Poema
Nada há de Sagrado
Nada há de sagrado em mim,
nem no corpo nem na alma.
Não fui ungido pelo espírito de Deus
Nasci como nascem as crianças,
concebido que fui,
pelo pecado original.
Não aportei numa manjedoura
tampouco num berço de ouro,
fui expelido do ventre de minha mãe
numa tosca cama,
trazido pelas mãos rústicas
de uma velha negra
Não passaram óleo santo
na minha testa,
nem me afogaram
nas águas bentas,
apenas me entregaram
a um Orixá guerreiro,
que me deu um nome
e me jogou no mundo.
E pelo mundo adentro ando
ao lado de faunos e sátiros,
amando ninfas e madonas,
sorvendo o vinho da adega de Cristo
e a cachaça do tonel do
Diabo.
Sempre embriagado
rodo pelas ruas e praças
cometendo desatinos
profanando a moral dos homens de bem
e seduzindo a hipócrita castidade cristã.
Assim vou cumprindo o que me coube
neste mundo tão profano.
Jorge Nicoli
Laura Cunha, artista plástica, de Cruzeiro
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