De A Náusea
Os homens. É preciso amar os homens. Os homens são
admiráveis. Sinto vontade de vomitar – e de repente aqui está ela: a Náusea.
Então é isso a Náusea: essa evidência ofuscante? Existo – o mundo existe -, e
sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que
tudo me seja tão indiferente: isso me assusta.
Gostaria tanto de me abandonar, de deixar de ter
consciência de minha existência, de dormir. Mas não posso, sufoco: a existência
penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente,
de repente, o véu se rasga: compreendi, vi.
A Náusea não me abandonou, e não creio que me
abandone tão cedo; mas já não estou submetido a ela, já não se trata de uma
doença, nem de um acesso passageiro: a Náusea sou eu.
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Trecho significativo do romance
existencialista A Náusea – um dos mais importantes obras do
existencialismo – publicado em 1938
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