sexta-feira, 2 de agosto de 2019



Já não Há

Está envenenada a terra que nos enterra ou desterra. Já não há ar, só desar. Já não há chuva, só chuva ácida. Vista do crepúsculo no final do século. Já não há parques, só parkings. Já não há sociedades, só sociedades anônimas. Empresas em lugar de nações e consumidores em lugar de cidadãos. Aglomerações em lugar de cidades e não há pessoas, só públicos. Não há visões, só televisões. Para elogiar uma flor, diz-se: "parece de plástico".


Eduardo Galeano, jornalista e escritor, nascido no Uruguai

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