Tropicalismo para
Iniciantes
Tropicalismo, ou Cruzada Tropicalista, pode ser lançado qualquer dia
desses numa grande festa no Copacabana Palace.
A piscina estará repleta de vitórias-régias e a pérgula enfeitada com
palmeiras de todos os tipos. Uma nova moda será lançada: para homens, ternos de
linho acetinado branco, com golas bem largas e gravatas de rayon vermelho; as
mulheres devem copiar antigos figurinos de Luiza Barreto Leite ou Iracema de
Alencar. Em casa, nada de decorações moderninhas, rústicas ou coloniais.
A pedida são móveis estofados em dourado e bordô, reproduções de Osvaldo
Teixeira e Pedro Américo, bibelôs de louça e camurça, retratos de Vicente
Celestino, Emilinha Borba e Cézar de Alencar. Nada de Beatles, nada de Rolling
Stones. E muitos pufes, centenas de almofadas.
O Dia das Mães, o Natal e o reveillon do Jaguar serão as grandes festas
do Tropicalismo, que exige eventos e efemérides. 25 de agosto é data
importantíssima. E ninguém perderá uma parada de 7 de Setembro.
Desfile de escolas de samba (em cadeiras numeradas) e o baile do
Municipal são obrigatórios. Revistas de Gomes Leal, shows de Carlos Machado e
filmes de Mazzaropi serão assuntos discutidíssimos. Cinerama também.
Um ídolo: Wanderley Cardoso. Uma cantora: Marlene. Um intelectual:
Alcino Diniz. Um poeta: J.G. de Araújo Jorge. Um programa de TV: Um Instante
Maestro. Uma canção: “Coração Materno”. Um gênio: Chacrinha.
Torquato Neto
(1944/1972)
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O Tropicalismo – ou Tropicália – foi um movimento
estético-musical – também político – que teve seu start com Alegria, Alegria,
de Caetano Veloso e Domingo no Parque, de Gil, no Festival de MPB, da Record,
em 1967, e seu auge no ano de 1968. Torquato, Gil, Caetano, Tom Zé, Júlio
Medaglia, Rogério Duprat, Mutantes, foram os nomes mais importantes de um
Movimento – efêmero – que mudou os rumos da música popular brasileira.
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Apoio Cultural
José Roberto Lopes
Cantor e músico
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