quarta-feira, 15 de julho de 2015




Um choro sem lágrimas

Há o vento frio da morte soprando, há as flores mortas cobrindo o jazigo e aquele muro cinza manchado com o sangue de Deus.

Pelos bueiros escorrem restos de chuva e sobras de dejetos.

Objetos estranhos, nas mãos de meninos e meninas, cortam o as veias dos santos.

No alto do campanário a ave de rapina observa a marcha dos deserdados rumo a lugar algum.

Na sala de jantar a família reza pedindo graças aos velhos fantasmas, enquanto no quarto, a filha se masturba com o ursinho de pelúcia.

Nas ruínas do antigo templo homens e mulheres promovem uma grande orgia ao som de um velho vinil de valsas vienenses.

Sentado na calçada daquela rua quase escura, choro o choro sem lágrimas.

Jorge Nicoli

Nascido em Guaratinguetá, dia 1º de outubro de 1945;
lorenense por opção
corintiano, avô da Letícia, do Leonardo e do Gabriel

filho de Oxum, afilhado de Ogum, protegido por Xangô


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Apoio Cultural

Nelsinho Auto Peças

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