quinta-feira, 27 de agosto de 2015


A POESIA DO DIA

DOIS MIL PELES VERMELHAS

Para eles
o tempo existe
em estado abolido
Dois mil peles-vermelhas se abaixam
na planície
felizes de sua ventura
preludiam as sublimidades de suas danças
Eles tragam os dias
tumultuam as noites
Dois mil peles-vermelhas e lúcidos
se preparam para fazer rir a chuva
suas terras enrugadas pelo desejo e pela fome
fazem bater seus tambores a sons plenos
Sons
plenos
Dois mil peles-vermelhas amorosos
se preparam para misturar seu sangue inquieto
ao leite sombrio de suas mulheres muito calmas
ao mel ridente de suas belas crianças
Crianças do século
onde estão vossos tridentes
Dois mil peles-vermelhas
pálidos mas sólidos
deixam as famílias para morrerem à parte
Dez mil peles-vermelhas
o sangue em fogo
sua vida ainda está lá
em busca de demônios

Max Ernst
1891/1976





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Apoio Cultural
Nelsinho Auto-Peças


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