Merlau-Ponty
As Vozes do Silêncio
As estátuas de
Olímpia, que tanto contribuem para nos ligar à Grécia, alimentam contudo
também, no estado em que chegaram até nós - esbranquiçadas, quebradas, isoladas
da obra integral -, um mito fraudulento da Grécia, não sabem resisitir ao tempo
como um manuscrito, mesmo incompleto, rasgado, quase ilegível.
O texto de
Heráclito lança-nos clarões como nenhuma estátua em pedaços pode fazer, porque
o significado é nele deposto de maneira diferente, é concentrado de forma
diferente do que está concentrado nelas, e porque nada iguala a ductilidade da
palavra.
Enfim, a linguagem
diz, e as vozes da pintura são as vozes do silêncio.
Os Caminhos Insondáveis
do Progresso da Humanidade
O progresso não é
necessário por uma necessidade metafísica: pode-se dizer apenas que muito
provavelmente a experiência acabará por eliminar as falsas soluções e por se
livrar dos impasses.
Mas a que preço,
por quantos meandros? Não se pode nem mesmo excluir, em princípio, que a
humanidade, como uma frase que não se consegue concluir, fracasse no meio do
caminho.
Decerto o conjunto
dos seres conhecidos pelo nome de homens e definidos pelas características
físicas que se conhecem tem também em comum uma luz natural, uma abertura ao
ser que torna as aquisições da cultura comunicáveis a todos eles e somente a
eles.
Mas esse lampejo
que encontramos em todo o olhar dito humano é visto tanto nas formas mais
cruéis do sadismo quanto na pintura italiana.
É justamente ele
que faz com que tudo seja possível da parte do homem, e até o fim.
Maurice
Meralu-Ponty
Filósofo,
nascido na França,
em 14 de março de
1908.
Faleceu em 1
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Chamomila
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