sexta-feira, 14 de agosto de 2015



Merlau-Ponty

As Vozes do Silêncio

As estátuas de Olímpia, que tanto contribuem para nos ligar à Grécia, alimentam contudo também, no estado em que chegaram até nós - esbranquiçadas, quebradas, isoladas da obra integral -, um mito fraudulento da Grécia, não sabem resisitir ao tempo como um manuscrito, mesmo incompleto, rasgado, quase ilegível.

O texto de Heráclito lança-nos clarões como nenhuma estátua em pedaços pode fazer, porque o significado é nele deposto de maneira diferente, é concentrado de forma diferente do que está concentrado nelas, e porque nada iguala a ductilidade da palavra.

Enfim, a linguagem diz, e as vozes da pintura são as vozes do silêncio. 


Os Caminhos Insondáveis
do Progresso da Humanidade

O progresso não é necessário por uma necessidade metafísica: pode-se dizer apenas que muito provavelmente a experiência acabará por eliminar as falsas soluções e por se livrar dos impasses.

Mas a que preço, por quantos meandros? Não se pode nem mesmo excluir, em princípio, que a humanidade, como uma frase que não se consegue concluir, fracasse no meio do caminho.

Decerto o conjunto dos seres conhecidos pelo nome de homens e definidos pelas características físicas que se conhecem tem também em comum uma luz natural, uma abertura ao ser que torna as aquisições da cultura comunicáveis a todos eles e somente a eles.

Mas esse lampejo que encontramos em todo o olhar dito humano é visto tanto nas formas mais cruéis do sadismo quanto na pintura italiana.

É justamente ele que faz com que tudo seja possível da parte do homem, e até o fim. 


Maurice Meralu-Ponty
Filósofo,
nascido na França,
em 14 de março de 1908.
Faleceu em 1

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