INTRODUÇÃO DE
A ARTE DE ESCREVER PARA IDIOTA
Em nossa
cultura intelectual e jornalística surge uma nova forma retórica. Trata-se da
arte de escrever para idiotas que, entre nós, tem feito muito sucesso.
Pensávamos ter
atingido o fundo do poço em termos de produção de idiotices para idiotas, mas
proliferam subformas, subgêneros e subautores que sugerem a criação de um nova
ciência.
Estamos fazendo
piada, mas quando se trata de pensar na forma assumida atualmente pela “voz da
razão” temos que parar de rir e começar a pensar.
Artigos ruins e
reacionários fazem parte de jornais e revistas desde sempre, mas a arte de
escrever para idiotas vem se especializando ao longo do tempo e seus artistas
passam da posição de retóricos de baixa categoria para príncipes dos meios de
comunicação de massa.
Atualmente, idiotas
de direita tem mais espaço do que idiotas de esquerda na grande mídia. Mas isso
não afeta em nada a forma com que se pode escrever para idiotas.
Diga-se, antes
de mais nada, que o termo idiota aqui empregado guarda algo de seu velho uso
psiquiátrico. Etimologicamente, “idiota” tem relação com aquele que vive
fechado em si mesmo. Na psiquiatria, a idiotia era uma patologia gravíssima e
que, em termos sociais, podemos dizer que continua sendo.
Uma tipologia
psicossocial entra em jogo na história, baseada em dois tipos ideais de
idiotas: o idiota de raiz,
dentre os quais se destaca a subcategoria do idiota representante do
conhecimento paranóico, e o neo-idiota, com destaque
para o “idiota” mercenário que lucra com a arte de escrever para idiotas.
Márcia Tibui
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