quinta-feira, 14 de julho de 2016

A Liberdade e a Justiça

A revolução do século XX separou arbitrariamente, para fins desmesurados de conquista, duas noções inseparáveis.

A liberdade absoluta mete a justiça a ridículo. A justiça absoluta nega a liberdade. Para serem fecundas, as duas noções devem descobrir os seus limites uma dentro da outra.

Nenhum homem considera livre a sua condição se ela não for ao mesmo tempo justa, nem justa se não for livre. Precisamente, não pode conceber-se a liberdade sem o poder de clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome de uma parcela de ser que se recusa a extinguir-se.

Finalmente, tem de haver uma justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade, único valor imperecível da história.

Os homens só morrem bem quando o fizeram pela liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam que morressem por completo.

Albert Camus
1913  1960
Escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo, nascido na França,  também jornalista militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra.
Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor. Camus foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1957.

======================

SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura




Nenhum comentário:

Postar um comentário