O que teremos a
nos dizer no futuro?
Walter Benjamin
dizia que a incapacidade de narrar experiências comunicáveis resulta das
experiências negativas que sofremos. Um soldado que vai a guerra é o seu
exemplo, mas podemos usar nossos mais próximos: aquele que vive na rua sem lar,
o que vive na miséria material qualquer que seja, aquele que se sente só num
asilo, num orfanato, num hospital.
Que criança será
capaz de sobreviver em sua intimidade se nenhuma linguagem será capaz de
expressar o sofrimento que ela viveu na pele perambulando pelas faróis e, do
outro lado, não havendo ninguém que possa ouvi-la?
Que poderá ela nos
dizer se chegar a ser adulta? Não temos o que dizer aos descendentes de
escravos, aos aviltados históricos deste país?
O que temos nós,
de fato, a dizer e a ouvir desta esta criança nas ruas? Elie Wiesel, autor de A
Noite, quando criança assistiu à morte por enforcamento de um menino num campo
de concentração.
A condenação fora
a condenação do futuro e de toda a humanidade. Mas ainda podemos corrigir os
erros. Melhor começar conversando direito, descobrindo o que temos a dizer e
ouvir.
Márcia Tiburi
Nascida em Vacaria, RS,
dia 6 de abril de 1970, artista
plástica, professora de Filosofia e
escritora.
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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