A Náusea
É preciso amar os homens. Os homens são admiráveis. Sinto
vontade de vomitar – e de repente aqui está ela: a Náusea.
Então é isso a Náusea: essa evidência ofuscante? Existo – o
mundo existe -, e sei que o mundo existe. Isso é tudo.
Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão
indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, de deixar de ter
consciência de minha existência, de dormir.
Náusea não me abandonou, e não creio que me abandone tão
cedo; mas já não estou submetido a ela, já não se trata de uma doença, nem de
um acesso passageiro: a Náusea sou eu.
Jean-Paul Sartre
1905 – 1980
(excerto de A Náusea,
1938)
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e
Cultura
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