O Perdão e a
Promessa
Se não fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizemos,
a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único ato do
qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas
consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da
fórmula mágica para desfazer o feitiço.
Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos
capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar
desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas
suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública
pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que
cumpre poderia dissipar.
Ambas as faculdades, portanto,
dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não
chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si
mesma.
Hannah Arendt
Hannah Arendt
. =========================
SOPA DE
CEBOLA
Boletim
de Arte e Cultura
Nenhum comentário:
Postar um comentário