Se Mata em Defesa da Honra
Não sei porque estive pensando numa
doença terrível chamada ciúmes que, alguns ingênuos, relativizam com o doce
nome de “tempero do amor”. Um tempero amargo, indigesto, na maioria das vezes.
E me
vem a lembrança de três episódios envolvendo gente famosa, três homens que
assassinaram suas mulheres, um deles, o
play boy Doca Street que matou a amante
Ângela Diniz, em dezembro de 1976, o outro
cantor Lindomar Castilho que, em março de 1981, matou sua segunda esposa Eliane
Grammont e o mais recente, em agosto de 2000, o redator chefe do Estadão, Antônio
Pimenta Neves, matou sua namorada Sandra Gomide. Todos os três mataram em nome
da honra. Um, porque a jovem era desinibida e independente, o outro, porque
fora traído, e o outro, porque a namorada era uma ascensorista social.
As vítimas quase se transformando em
rés, pelo menos diante das argumentações dos advogados. Nenhuma delas era
recatada e nem do lar, assim os homens adquiriram o direito de fazer justiça,
em defesa da honra do macho.
Ângela, segundo uma testemunha,
humilhava Doca que a amava muito – isto lhe daria o direito de eliminá-la -, já
o canto que amava Eliane e não
suportaria vê-la com outro – motivo plausível para assassiná-la – e o
jornalista não suportava a idéia de ser trampolim para a namorada de 32 anos – ele, com 63, não merecia, por isso nada a fazer
senão matá-la.
Na realidade, todos os três crimes
tiveram uma única motivação, ciúmes. O sentimento de posse, a incapacidade de
entender que, na vida, há perdas, e, sobretudo, a negação de si, de seu valor. Isto
leva à destruição daquilo que se “ama”, a insuportável idéia de que um outro possa
ter a posse daquilo que se julga ser seu.
Melhor a eliminação do outro, para
não sofrer e sempre haverá um advogado que usará o batido, porém eficaz
argumento da legítima defesa da honra, sob forte impacto emocional. Ou coisa
que o valha.
Jorge Nicoli
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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