Um Cão Andaluz o Surrealismo no Cinema
A idéia nasceu nos sonhos de Buñuel e Dalí. Um
sonhara com uma nuvem cortando a lua como uma lâmina cortando um olho, já o
outro sonhara com formigas saindo de suas mãos. Ambos se juntaram e fizeram o
filme.
Segundo o Manifesto Surrealista, um dos
princípios das construções de enunciados é a distância entre os significados. O
inconsciente se manifesta no automatismo e a falta de lógica e linearidade
representa essa lógica do inconsciente que não é lógica nenhuma para a
consciência desperta.
Enfim, um filme sem significado, quebrando o
padrão cinematográfico e que impossibilita qualquer interpretação objetiva.
O inconsciente se expressa de maneira tão
crua que não é possível saber o que está passando e não há como estabelecer
categorias religiosas - há dois padres e
tábuas dos dez mandamentos - , nem sociais - um homem é colocado em frente à parede “de
castigo” -. O filme é puro caos. Tangos
e pedaços de Wagner se misturam num grande vídeo-clipe.
Os efeitos especiais, - o olho é cortado e as formigas saindo da mão
do homem - , eram geniais e avançadíssimos para a época, assim como a cena de
nudez e os amassos de um casal. Tudo aquilo que não significava nada tinha a
força de um tapa na cara da sociedade de valores burgueses.
O filme é considerado como a base para o
terror e o suspense, assim como a inspiração básica de qualquer cinema fora da
indústria cultural.
Adaptação de um texto de
Vinícius Siqueira
Formado em sociopsicologia e editor do Colunas Tortas.
Um Cão Andaluz, 1929,
dirigido por Luis Buñuel
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SOPA DE CEBOLA
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