A Procissão dos dementes
A fresta na janela filtra o som
da procissão que passa pela rua.
São palhaços, bailarinas obesas e meretrizes,
são ladrões ,faunos e ninfas nuas
a cantarem músicas obscenas
em louvor aos deuses pagãos.
Na alegoria feita com ossos ,
plásticos e sobras de lixo atômico,
Messalina comanda a orgia e
no canto um santo se masturba
diante da menina ruiva
que faz malabarismos com a espada
e brinca com as serpentes.
A banda de dementes
executa uma valsa vienense e
José, montado no cavalo branco, tenta fugir
a galope para as Minas Gerais.(*)
A procissão passa deixando
rastros de luzes foscas e realidade tosca,
verdades inexoráveis, mentiras palpáveis
da vida e da morte.
No meu quarto meus demônios e fantasmas
falam da paz de Jesus e eu apago a luz,
vou para os afagos da minha solidão.
Jorge Nicoli
Um Quase Poeta
* frase baseada no poema José,
de Carlos Drumond de Andrade
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SOPA
DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
4 Anos
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