quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Uma Quase Poesia Surrealista

A Procissão dos dementes

A fresta na janela filtra o som
da procissão que passa pela rua.
São palhaços, bailarinas obesas e meretrizes,
são ladrões ,faunos e ninfas nuas
a cantarem músicas obscenas
em louvor aos deuses pagãos.

Na alegoria feita com ossos ,
plásticos e sobras de lixo atômico,
Messalina comanda a orgia e
no canto um santo se masturba
diante da menina ruiva
que faz malabarismos com a espada
e brinca com as serpentes.

A banda de dementes
executa uma valsa vienense e
José, montado no cavalo branco, tenta fugir
a galope para as Minas Gerais.(*)

A procissão passa deixando
rastros de luzes foscas e realidade tosca,
verdades inexoráveis, mentiras palpáveis
da vida e da morte.

No meu quarto meus demônios e fantasmas
falam da paz de Jesus e eu apago a luz,
vou para os afagos da minha solidão.

Jorge Nicoli
Um Quase Poeta
             
* frase baseada no     poema José,
de Carlos Drumond de Andrade 

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